A posição assumida pelo Clube dos Oficiais da Polícia Militar e pelo Clube Tiradentes, levou o subcomandante, Coronel Josemar Dantas, a pressionar os oficiais, especialmente, os que comandavam tropas.
O coronel Dantas, que os policiais militares o alcunharam de o ditador da PM, aterrorizava a todos com descontroladas punições disciplinares malvadas. Ele era tão cruel que agravava as punições de 8 dias de detenção aplicadas pelos comandantes de companhia para 30 dias de prisão, sem, contudo, dar o direito de defesa aos seus subordinados. Todos os dias, os boletins da caserna aumentavam suas páginas para dar espaço à avalanche de punições desatinadas, sem qualquer formalidade legal. Sem chamar os policiais para se justificarem. Era uma verdadeira ditadura. Ao arbítrio da tirania do subcomandante.
Reunido no seu gabinete, com outro oficial superior, tido como linha dura, o Coronel Dantas mandou chamar os oficiais que comandavam tropas e com o Código Militar aberto à frente dos seus subalternos, dizia:
“Olhem aqui!!... Olhem!!... É crime militar. Se vocês se meterem nisso, eu mando instaurar Inquérito Policial Militar contra vocês. E vocês vão para a cadeia e não serão promovidos.”
Os oficiais saíam aterrorizados. Alguns, de fininho deixaram o gabinete de Dantas, e ficaram na deles, mas, outros, temendo a ação devastadora do subcomandante reuniram os seus comandados, orientando-os a não participarem das reuniões promovidas pelo Clube Tiradentes, inclusive ameaçavam com punições para quem desobedecesse.
Era estranho aquele comportamento, tanto do alto comando, bem como dos oficiais, os quais conviviam, cotidianamente, com os problemas dos seus comandados, ouvindo suas lamúrias requintadas pela miséria.
A situação estava tão caótica que a TV Ponta Negra mostrava o policial militar J. Santos, que para sobreviver com a família, catava lixo. J. Santos deu uma entrevista que sensibilizou a opinião pública, mas, não atingiu a sensibilidade dos oficiais do alto comando. Os quais não passavam de vavassalos palacianos, ficando, de maneira amesquinhada, contra aos anseios dos seus sofridos e humildes praças.
Eles não eram capazes de enxergar a miséria que passava a tropa, inclusive, puniam os policiais que procuravam um trabalho fora da corporação, nos seus horários de folga, submetendo-os aos seus sádicos e mordazes desejos, nutridos para aniquilar a vida do homem.
Apesar de sua crueldade na aplicação das punições, o coronel Dantas não teve punho suficiente para aplicar punição contra o PM J. Santos, em virtude das famílias dos policiais militares e civis haverem anunciado um bate panelas como forma de protesto.
O soldado J. Santos, que era corredor dedicado, ganhou inúmeros troféus representando a Polícia Militar. Ele, de tanto ser perseguido, acabou sofrendo das faculdades mentais.
Uma coisa, contudo, tinha-se certeza: De que o alto comando não deixaria J. Santos em paz. Verdadeiramente, foi o que aconteceu. Ele não conseguiu fugir das humilhações. E foi tão humilhado pelos serviçais do alto comando, que certo dia retornou correndo para a sua residência localizada numa distância de 20 quilômetros, chegando sem coturnos, e só de calça.
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