Decorria uma semana que eu estava trabalhando na construção do açude. Eis que chegou um novo tropeiro. Era Antônio Zuza, que morava nos arrebaldes da fazenda de padrinho João Horácio. Sabendo que eu havia fugido, mandou avisar ao meu padrinho.
Passaram-se poucos dias. E, numa manhã, ainda, na hora do café, em frente ao barracão, parou um carro de passeio Ford 29, do qual desceu aquela senhora bem simpática. Era Maria, filha de João Horácio, que fora me buscar.
Carro naquela época causava novidade. Curiosos, os cossacos pararam. Até Alfredo - o cabo de turma - parou. Eu procurei fugir, porém, sem sucesso. Alguns cossacos, que já desconfiavam de que eu teria fugido de casa, seguraram-me e conduziram-me à presença de Maria, que me pegou pelo braço e não resisti, pois ela sempre me dedicara muito carinho. Levou-me de volta à casa de padrinho João.
Meu padrinho esperava-me no terreiro da casa, e ficou parado ao perceber a chegada do veículo, esperando que eu descesse. Ele, ao me vê, suspirou aliviado e exclamou para madrinha Guilhermina que o acompanhava:
“Guilhermina, é ele!”
Maria desceu segurando no meu braço. Comigo estavam meus pertences - rede e roupas - empoeirados.
O velho aproximou-se de mim. Abraçou-me. Passou sua mão cheia de calos na minha cabeça, dizendo:
“Júlio, meu filho, não fuja mais de casa. Sua madrinha chorou de preocupação. Nancy chorou. Todos nós ficamos preocupados”.
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