Possuindo cópias de todos os documentos, procurei o doutor José de Ribamar, ao qual passei procuração para impetrar mandado de segurança junto ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, objetivando anular a minha exclusão. Aquele ato imoral teria que ser nulo, pois para a Polícia Militar e o IPE eu não existia. O mais grave é que eu havia perdido as minhas prerrogativas de subtenente. Não tinha nem documentos!
O doutor Ribamar ajuizou a ação, na qual requeria a anulação daquele ato cruel, bem como a minha reintegração à Reserva Remunerada da Polícia Militar. Este procedimento levaria meses para ser julgado, que para mim e minha família, representariam anos de sofrimento.
Os meus malditos algozes ao tomarem conhecimento sobre a ação procuraram me ridicularizar, dizendo:
“Ganha nada!... O nó que foi dado, ninguém desmancha”.
Outros descaradamente, diziam-me:
“Estás perdendo o teu tempo, Júlio! Você não ganha esta, não. Estás lascado!...”
Aqueles que me chamavam de herói, quando se encontravam comigo, viravam-me as costas. Muitos baixavam a cabeça querendo esconder a sua fraqueza ou faziam que não me viam. Mas, quando eles precisaram de uma voz forte para defendê-los, foi a minha que ouviram bradar em todos os quartéis sem nenhum temor à tirania dos poderosos coronéis de inteligência obscurecida pelo maléfico desejo que os mantinha no poder.
Certa manhã, eu estava conversando com um cabo, quando um capitão o chamou, com o qual conversou de maneira grosseira, porém, não tive condições de escutar. O cabo, muito revoltado, retornou à conversa quando lhe perguntei:
Cruel!!... Infeme!!... A greve rendeu ao capitão e toda a tropa o maior aumento concedido nos últimos dez anos.
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