O Inquérito Policial Militar foi remetido à Justiça do Estado do Rio Grande do Norte, e virou uma verdadeira “batata quente” nas mãos dos juizes e promotores, que sempre alegavam suspeição. É que o Poder Judiciário e o Ministério Público também haviam se beneficiado com a greve dos sargentos da Polícia Militar recebendo 60% de reajuste.
No documento elaborado pelo relator, Ministro Orlando Moutinho Ribeiro da Costa, apontava os responsáveis pelos fatos acontecidos, dentre os quais o coronel Luciano, Gil Xavier de Lucena e alguns sindicalistas.
O processo ficou parado. À justiça não lhe seria fácil encontrar culpados no meio de homens que não suportando tanta fome, resolveram cruzar os braços. O Poder Judiciário e o Ministério Público, na verdade, estavam diante de uma situação constrangedora.
Uma atitude estranha foi adotada pelo Governador do Estado do Rio Grande do Norte, o senhor Aluízio Alves. Ele conseguiu colocar as mãos no processo que se encontrava com a justiça. Tendo-o em seu poder, praticou o absurdo, aplicando punições perversas e vingativas contra os policiais militares. E, ao seu bel-prazer, sem nenhuma chance de defesa, ele mesmo deu o veredicto.
Surpreendentemente, no dia 14 de fevereiro de 1964, foi publicada a lista dos condenados no boletim do Comando Geral da Polícia Militar. Como já o disse, eles não tiveram nem o direito de defesa, senão amargar o ódio e a ira da perversa pena governamental. E assim, foram expulsos das fileiras da corporação os sargentos Gil Xavier de Lucena - como principal responsável -, Valdeci Aquino de Lacerda, Cícero Martins de Castro, João Marcelino Filho, José de Oliveira, João Vaz Guedes Alcoforado e José Basílio.
Continuando, o senhor Aluízio, na sua insaciável sede de estranho julgador, ainda determinou que não fosse concedido engajamento, nem reengajamento nas fileiras da corporação, e expulsar os que houvessem sofrido punições disciplinares.
O ato do governador também atingia a assistente social Maria das Dores Costa, que foi demitida, causando protestos por parte do Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado do Rio Grande do Norte.
Os sargentos se reuniram em assembléia geral em sua entidade representativa de classe e publicaram nota de protesto contra o ato arbitrário do governador.
Alguns segmentos da sociedade fizeram companhas de doações em defesa das famílias dos sargentos expulsos, havendo até a abertura de uma conta bancária, na qual diversas pessoas famosas depositaram suas contribuições.
O tempo passou e os sargentos expulsos foram caindo no esquecimento, mesmo porque não tardou a haver o golpe militar de 31 de março daquele ano de 1964, e ninguém mais queria prestar solidariedade aos companheiros que foram cruelmente penalizados.
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