Nasceu do Grupo Renovador a iniciativa sobre o lançamento de um sargento candidato à presidência da Sociedade Beneficente dos Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar - SBSS - sendo, inicialmente, apresentado o nome do Sargento Francisco Félix de Lima, o qual não aceitando apresentou o nome do Sargento Gil Xavier de Lucena.
Lançamos a candidatura de Gil, que teve boa aceitação pelos sargentos, também agradando ao Coronel Luciano, não havendo oposição.
Gil foi eleito e constituiu a sua diretoria, destacando-se como diretores Francisco Félix, João Xavier Filho (irmão de Gil), Júlio Ribeiro da Rocha (o autor desta obra) e Antônio Batista Gomes.
A posse da nova diretoria ocorreu no mês de junho de 1963. O sargento Gil, que desfrutava de largo conceito perante a sociedade local, especialmente no mundo intelectual, convidou várias figuras ilustres para a sua festa de posse, razão pela qual despertou à atenção de alguns segmentos do alto escalão da corporação, tendo em vista que a Polícia Militar encontrava-se com o moral em baixa, sem nenhum prestígio perante a sociedade.
Existia uma verdadeira manipulação do Comandante Geral da Polícia Militar junto aos poderes do Clube dos Sargentos. Os associados elegiam o Conselho Deliberativo que se constituía de 12 sócios, o qual elegia o Presidente e o Vice da Diretoria Executiva. Mas teria que ser um candidato do comando e subtenente. Eleito o candidato do comando, o mesmo conselho mandaria uma lista com os nomes de 3 subtenentes para o comandante escolher o Presidente do Conselho Fiscal.
Fiz uma campanha para reformar o estatuto social da entidade, a fim de acabar com as intervenções do comando, cujo objetivo maior seria o de manter a classe amordaçada. Atendendo minha proposta, que fora assinada por dezenas de sócios, o Sargento Gil convocou uma assembléia, sendo o estatuto reformado. Eliminamos o Conselho Deliberativo, e o Presidente e o Vice-Presidente da Diretoria Executiva, assim como o Presidente do Conselho Fiscal passaram a ser eleitos pelos sócios em assembléia geral.
O comandante não gostou da idéia e ameaçou intervir na assembléia, mas os sócios o proibiram comparecer à assembléia, bem como do seu representante, e ainda, colocaram um aviso à entrada do clube, que dizia textualmente:
“Fica proibida a entrada do Comandante Geral ou do seu represente legal”.
Ele não foi, preferindo, contudo, mandar um oficial, que ao ler o aviso, deu meia-volta e desapareceu.
Não fazia muito tempo da posse de Gil quando os sargentos da Polícia Militar do Estado do Piauí decretaram greve em prol de melhores salários, com ampla divulgação na imprensa nacional.
A diretoria do sargento Gil enviou um telegrama aos sargentos daquele estado, hipotecando-lhes irrestrita solidariedade, cujo documento foi lido sucessivas vezes pelas rádios da capital potiguar, bem como publicado pelo jornal de maior circulação no estado.
A atitude assumida pelos sargentos resultou em inúmeras providências adotadas pelo Comando Geral da Polícia Militar, dentre as quais a instauração de Inquérito Policial Militar com o objetivo de enquadrar os diretores da associação.
No mesmo dia desta medida, o coronel Luciano desceu do seu gabinete e foi direto ao Corpo da Guarda do Quartel. De lá mandou chamar o presidente Gil que o atendeu de imediato.
Luciano determinou ao sargento Comandante da Guarda que recolhesse Gil ao xadrez, porém, foi surpreendido com a solidariedade de todos os diretores da associação que incontinente se apresentaram ao comandante para serem recolhidos também.
Luciano recuou na punição ante a pressão dos sargentos, preferindo voltar, às pressas, ao seu gabinete.
No dia seguinte, por ocasião da revista matinal à tropa, o coronel Luciano sentiu-se mal e conduzido apressadamente ao hospital da corporação, onde foi examinado pela Junta Médica daquele hospital, que o proibiu, por 30 dias, de subir as escadas de acesso ao seu gabinete.
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