Cap 74 Surgiu uma esperança
Cap 74 Surgiu uma esperança

 

                 Com uma profunda tristeza deixei o hospital e fui ao quartel do comando geral. Lá, sentei-me num banco da pracinha em frente ao rancho da unidade.  Ao levantar a vista, vem chegando perto de mim o tenente José Freire Sobrinho, que me perguntou por onde eu andava. Contei-lhe toda a minha história, o qual me disse:

“Nós estamos fundando o serviço de rádio patrulha. Você é um bom auxiliar. Eu vou falar com o comandante para lhe transferir para a rádio patrulha”.

Não acreditei na palavra do tenente Freire. Ora, se eu conversara com o Comandante Geral da Polícia Militar, que garantiu me transferir para Natal, e chegou um coronel, seu subordinado, desfazendo tudo, deixando a palavra do comandante sem nenhum valor, seria impossível um tenente conseguir mudar tudo aquilo. Mas...! Era uma esperança.

O tenente Freire era muito amigo da família do comandante. E após 15 dias que havíamos conversado, foi publicado  no boletim do comando geral:

“Transferência de praça. Seja transferido da Companhia Independente de Patu para este Quartel do Comando Geral, ficando à disposição do Serviço de Rádio Patrulha, o 3º sargento Júlio Ribeiro da Rocha.”

A Rádio Patrulha era localizada num pavilhão separado do comando, e eu ficava trabalhando nos dois expedientes, procurando me isolar dos contatos com o pessoal do alto comando, fugindo das vistas dos meus perseguidores. Mas, eles não me davam guarida. Fui, por duas vezes, chamado ao gabinete do comandante. Existia gente me seguindo como se eu fosse um marginal. Uma pessoa de alta periculosidade. As perguntas que me faziam eram as mais idiotas possíveis. Sabiam até as vezes que eu fui à residência do ex-sargento Gil. Eles perguntavam o motivo da minha ida.

Perguntavam a razão pela qual eu tanto freqüentava o Hospital da Polícia Militar. Quanta  imbecilidade!  Eles  não  me  davam  sossego,  porém,  eu matava logo a charada. É que todas as vezes que eu ia ao mesmo hospital, travava conversa com o subtenente Geraldo Frutuoso e o sargento Fernando Dantas Ferreira, que serviam naquela unidade de saúde e estiveram presos comigo na greve de 1963.

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