Cap 108 Mais ilegalidade do comando
Cap 108 Mais ilegalidade do comando

 

               O reajuste que o governo dera em 1º de maio de 1991 já havia sido engolido pela inflação absurda. A tropa vivia desesperada. Temendo que a oficialidade poderia juntar-se aos praças, o alto comando conseguiu estender as benevolentes gratificações a mais 15 oficiais superiores, os quais ficaram de bocas caladas e passaram a reprimir quem se manifestasse a favor de uma possível paralisação. Mas só quem teve direito às gratificações foram os da graça do comandante - preferencialmente os de sua religião – o protestantismo.  E assim, a tropa era cada vez mais penalizada com a falta de competência e sensatez do alto comando, que se tornara o inimigo número um dos praças.

Minha pressão contra as gratificações continuava. Os coronéis do alto comando queriam ver o capeta na frente deles, menos o subtenente Júlio. Teve um deles que me xingou:

“Cadê o escalonamento, Júlio!? Se eu fosse o comandante, lhe expulsava hoje mesmo da polícia”.

E saiu bufando e atirando faíscas para todos os lados.  Parecia a besta fera!

O alto comando conseguiu, sutilmente, legalizar as gratificações através de decreto governamental, instituindo cargos de confiança e comissionado dentro da corporação para os oficiais superiores - a pior coisa que foi praticada e odiada pela tropa. Pela interpretação do comando, nem todo policial militar tinha confiança, coisa mais do que absurda, posto que todo militar é digno de confiança - é o que se presume. É isso que a ética lhe impõe.

Agora, recebendo gordas gratificações, os oficiais viviam um mundo novo  floreado de felicidade. E o resto da tropa amargava o desprezo de quem poderia defendê-la.

Foi em meio a tanto desespero que um soldado PM tentou suicídio ao jogar-se na frente dos carros, no meio da Av. Rodrigues Alves, em frente ao portão principal do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar.

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