Certos de que o governador Garibaldi não iria cumprir a ação judicial, os policiais ficaram mais revoltados, e cresceu o número de exaltados que proferiam palavras agressivas contra o governo, e questionavam o poder da justiça, aumentando, paralelamente, as pessoas más que colocavam dúvidas na cabeça deles, dizendo:
“O que foi que eu disse!... Já foi todo mundo comprado!! Contra governo ninguém pode!...”
Os policiais passaram a dizer que não iriam mais às assembléias porque nada era resolvido, pois as conversas eram sempre as mesmas. Ao mesmo tempo, vários oficiais, que recebiam as famosas gratificações “o cala boca”, ameaçavam os praças com cadeia, espalhando terror, chegando a causar medo dentro da tropa, que aliás, eles eram especialistas uzeiros e vezeiros em tais ameaças.
O governo resolvera enviar a sua mensagem 141 à Assembléia Legislativa. Esta atitude levou o doutor Ribamar a entrar com uma reclamação junto ao Superior Tribunal de Justiça, à qual se juntou uma cópia da tal mensagem. Na reclamação, que recebeu o nº 491/97, foi requerido ao STJ que o senhor Garibaldi, governador do estado, fosse citado a cumprir de imediato.
Estando pronto o novo procedimento, fora convocada uma assembléia geral unificada com a finalidade de prestar todas as informações possíveis aos policiais. Apesar das ameaças, o clube ficou superlotado, e naquele dia os policiais que compareceram à reunião - exceto os presidentes dos clubes - estavam dispostos a cruzar os braços, a fim de forçar o governador a cumprir a decisão judicial, pois, afinal de contas, se existia alguém errado, não seriam os policiais militares. Estes, com veemência, criticavam o slogan do governo:
“RIO GRANDE DO NORTE, AQUI SE GOVERNA DIREITO”.
Os policiais esperavam que alguém da comissão, com o apoio dos coronéis Mendonça, Pádua e Teotônio, desse o primeiro grito, mas dois oradores praticaram uma falha de estratégia. Com efeito, os policiais que estavam preparados para mobilizar a tropa tiveram uma grande decepção, e a partir daquela data, as demais assembléias foram sendo esvaziadas pelos policiais da ativa, que estavam se expondo sem haver uma posição definida que gerasse impacto junto ao governo e à sociedade.
Enquanto, no Rio Grande do Norte, os policiais militares lutavam para o governo cumprir uma decisão judicial, que restituía o que a sua política salarial perversa levara, em quase toda o Brasil, as Polícias Militares estavam rebeladas protestando contra os seus baixos salários, resultando até na morte de um policial militar em Belo Horizonte, Capital de Minas Gerais, derramamento de sangue em outras localidades, e até confronto com o Exército, como aconteceu em Maceió, no Estado de Alagoas.
De pirraça, o Governador do Rio Grande do Norte preferiu adotar atitudes cruéis, deixando os praças - do Soldado ao Subtenente - ganhando soldos miseráveis. E, preferiu estender as gratificações do “cala boca” até aos primeiros tenentes.
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