O coronel Mendonça Lima não havia terminado de dirigir a sua palavra à tropa, quando se aproximou um automóvel preto, de placa oficial, parando a poucos metros da tropa. Era o general Omar Emy Chaves. Baixo, usando um revólver calibre 32 à cinta, desceu do seu veículo. O qual já não estava com aquela mansidão que apresentara às comissões. E virado numa fera indomável, sem esperar que o coronel lhe apresentasse a tropa, foi logo gritando:
“Polícia Militar, só Deus sabe como fui forçado a tomar tal atitude. Você, Polícia Militar, de tantas glórias, hoje ao invés de combater, está sendo combatida. Tropa rendida!!...
O coronel Mendonça Lima, ao assistir aquelas palavras descontroladas de seu superior, levou as mãos à cabeça num gesto de reprovação. Mas, o general continuou... Desta vez para humilhar e insultar a tropa, dizendo aos estrondosos gritos:
“Tropa rendida e desmoralizada. Uma tropa rendida não é de nada. Apelei para os seus oficiais! Apelei para os seus sargentos! Apelei para você, padre, que mentiu para com sua religião. Mentiroso!!... Fugiu aos princípios religiosos. Traiu a sua a própria igreja!”
Dando esturro feito uma onça, continuou... Olhando para o subtenente Antônio André, e, com desvairada provocação, disse-lhe:
“Apelei para você, seu líder. Líder que não tem cara de líder, não é de nada!”
Dentre outras, o general tinha a incumbência de humilhar, de desmoralizar a Polícia Militar.
A poucos metros do local, bem em frente ao Clube América, estava estacionado um corro preto de placa oficial. No seu interior o Governador Aluízio Alves que fora assistir “in loco” a humilhação da Polícia Militar.
Cumprindo determinação do general, o coronel Mendonça Lima assumiu o Comando Geral da Polícia Militar, enquanto os oficiais do Exército assumiam o comando das companhias.
O novo comandante reuniu os oficiais em seu gabinete, e com louvável polidez, cumprimentou-os individualmente, num gesto profícuo de quem tinha outra linha de conduta divergente do rancor de Omar Emy Chaves.
|
23 |