Chegou o dia das eleições - 1º de outubro de 1998. Estudos feitos comprovaram que 70% dos policiais votaram em candidatos estranhos e desprezaram quem lutava tenazmente pelos direitos deles. Muitos venderam os votos. Mas, também... resistir à correnteza de um rio tenebroso de dinheiro pelo qual navegavam os poderosos caciques da política potiguar, precisaria ter muita consciência.
Teve oficial que não liberou os praças para votarem porque sabiam que elas me dariam os votos.
Consegui, ainda, 7.448 votos. Nas cidades que eles diziam que estavam fechados comigo, foi onde eu tive mais decepção.
De certo modo, houve uma mudança no comportamento de vários oficiais, vez que muitos comandantes de unidades incentivaram a sua tropa, dizendo:
“Vocês estão vendo a luta do subtenente Júlio. Vamos eleger o homem. Nós precisamos de representante”.
Das praças, quem votou no sub Júlio, também fez campanha pedindo votos no meio civil.
Os que não me deram o voto foram-me ingratos pelo recebimento de tão pouco. Não obstante, o governo não dera reajuste para nenhum servidor público, mas o fizera para os praças, como já vimos em capítulo anterior, que foi fruto do meu esforço e dos meus diretores, porém, eu e minha família pagamos o preço de tudo. Ademais, existem em seus contracheques vários direitos que eu, com o apoio de outros companheiros, consegui. Eu sofri, fui humilhado e massacrado defendendo o direito deles. O que eu fiz não aparecera outro que o fizesse. Muitos se esqueceram de quem carrega consigo as cicatrizes de uma luta, que iniciou há mais de 30 anos defendendo os direitos da tropa.
Foram-me ingratos, profundamente. Eles, contudo, não me entenderam, mas eu entendia a eles. É um problema cultural que tem deformado a visão de muitos policiais e que chega aos altos postos.
Durante minha caminhada pelo interior, no início da campanha, fui lançar minha candidatura na filial do Clube Tiradentes, em Mossoró. Com bastante humildade, lá cheguei acompanhado pelos subtenentes Rubens e Passos. Só fiz uso da palavra porque o cabo Ribeiro, meu grande colaborador naquela cidade, ficou todo tempo exigindo da diretoria que me facultasse a palavra, isto porque quem estava sendo homenageado com uma faixa bem grande era o Vereador por Natal, Enildo Alves, candidato a deputado estadual, que juntamente com outros vereadores votou contra o direito do policial militar não pagar transporte coletivo. Para mim, contudo, não me causou surpresa posto que as associações nunca me apoiaram, as quais preferiam candidatos estranhos aos quadros da corporação.
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