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Cap 51 Quadro de miséria
Cap 51 Quadro de miséria

 

                  Os salários  baixíssimos não despertavam interesse para o cidadão servir à instituição. As inscrições para a seleção do curso de oficiais abriam e fechavam por falta de candidatos. Ninguém queria se inscrever. Ser oficial seria uma péssima escolha. Não existia perspectiva de melhora nem para quem chegava ao coronelato, isto por que  Aluízio ao assumir o governo houvera dado um golpe arrasador nos coronéis; e demais oficiais, os quais de acordo com a Lei Estadual nº 1.416, do governo Silvio Pedrosa, tinham os seus vencimentos equiparados aos  vencimentos do juiz de primeira instância e estabelecia tabela proporcional para oficiais, enquanto o resto da tropa recebia o salário mais baixo do país.  O governador mudou aquele referencial, reduzindo os valores do maior posto em mais de cinqüenta por cento, bem como dos demais oficiais.

Com os vencimentos minguados, a maioria dos oficiais que desfrutava “status” bem diferente da tropa, ficara omissa à posição do coronel Luciano e de camarote apreciava a queda de seu comandante.

O quadro de miserabilidade que vivenciava a Policia Militar chegava às páginas dos jornais de grande circulação do Estado do Rio Grande do Norte. O jornal que deva maior destaque era A ORDEM, de propriedade da Arquidiocese Metropolitana.

Chegamos ao mês de setembro. Os jornais não falavam noutra coisa, senão sobre o quadro aflitivo que estavam vivendo os policiais militares.

As manchetes chamavam à atenção dos leitores. O jornal A Ordem publicava:

“FOME E HUMILHAÇÃO NA POLÍCIA MILITAR”.

De fato, na Polícia Militar existia fome, que precisava, urgentemente, ser saciada. Um soldado da Polícia Militar ganhava de vencimentos menos de um salário mínimo da região, e um 3º sargento, também, não chegava lá.

Os policiais não compravam nada fiado no comércio. Eles eram escorraçados da sociedade. Dos policiais seria impossível lhes exigir fidelidade à lei e aos regulamentos da caserna, sem haver suborno e corrupção.  Não havia possibilidade de resistir aos anseios que a miséria lhes proporcionava. Sobre este aspecto, surgiam punições diariamente. Pois a penúria conduzia os homens ao desespero, que procuravam refúgio através de atos desonestos, ultrapassando as fronteiras da razão.

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