Passaram-se vários anos. Certo dia um subtenente do Corpo de Bombeiros em conversa comigo, disse-me:“Júlio, eu tenho uma história para lhe contar. E tenho certeza que você nunca teve conhecimento sobre a revelação que eu vou lhe fazer. Ao meio-dia de 14 de dezembro de 1992, eu me encontrava no gabinete do coronel Afonso (nome fictício-preservando o nome do cel), quando chegou o coronel Paulo (nome fictício-também preservando o nome deste) que havia sido chamado urgente ao mesmo gabinete, ao qual o coronel Afonso disse: Coronel Paulo, vá prender aquele subtenente Júlio, hoje, à tarde. Aquele velho safado! Meta-lhe o pau e jogue-o no xadrez”.
Era difícil acreditar naquela informação. Mas, vindo daquele coronel carrosco tudo seria possível.
Meses depois, outro subtenente, também me contou quase a mesma história, só que havia entrado em cena um novo personagem. E sem me pedir segredo, disse-me o subtenente:
“Naquele dia que você foi preso, eu fui atender a um chamado do coronel Afonso (nome fictício), pela manhã, quando ele recebeu um telefonema da Secretaria de Segurança Pública. E o coronel Afonso ficava: Sim, senhor, meu chefe!... Sim, senhor, meu chefe!... Vou mandar prender aquele velho safado, meter o pau e jogar no xadrez”.
O coronel Paulo, que sempre me deu atenção, não foi me prender, e sim o major Cavalcante, chefe segunda seção. Este, pela conversa, na hora que me procurou, não me deixou dúvida ao dizer que eu iria de qualquer maneira. Graças ao meu Deus, que nunca me abandonou, aquela ordem perversa não foi concretizada.
Mas o dito coronel Paulo, filho do sargento Verediano, prendeu o soldado Gonzaga, espancando-o covardemente. O dito coronel espancador morreu de tomar cachaça.
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