A inoperância do comando levou-me a convocar uma assembléia geral unificada com a presença da família policial militar. Na reunião ficou decidido promover um bate panelas em frente ao Palácio Potengi, a fim de mostrar a cara da miséria ao governo e a sociedade.
Impassível, o comandante geral ao tomar conhecimento tentou impedir a manifestação da família policial militar, mandou chamar o coronel Mendonça ao seu gabinete, ao qual disse:
“Mendonça, procure Júlio e peça para ele não fazer esse panelaço.”
O coronel respondeu:
“Eu não!... Tomara que ele faça!!”
Às 16:00 horas do dia 15 de abril de 1992, ocorreu o bate panelas, que contou com o apoio do pessoal da Polícia Civil e seus familiares. E foi sucesso total. Utilizando um carro de som, diversas esposas de policiais militares e civis fizeram discursos condenando o descaso do governo e denunciando o quadro de penúria que castigava os lares dos policiais militares.
Às 14:00 horas do dia 14, à véspera da manifestação, eu me encontrava no Clube Tiradentes. Uma coisa incrível me aconteceu: Deu-me um frio infernal, e tremia, descontroladamente. Fui levado, às pressas, ao Hospital da Polícia Militar. E lá, fiquei internado quatro dias.
Não tive condições de comparecer ao bate panelas. Enquanto eu estava doente, um subtenente comentou para um companheiro:
“Você viu o que foi que Júlio fez? Botou todo mundo numa fria com aquele bate panelas e inventou que estava doente e lá não foi.”
O outro companheiro contestou:
“Mas, como é que você diz uma coisa desta...! Eu sou técnico de enfermagem, como você é, trabalho no Hospital da Polícia Militar. Vi quando Júlio chegou lá e fui visitá-lo. Ele está doente mesmo.”
A manifestação da família não sensibilizou em nada as autoridades do executivo. Deveras, os policiais militares não eram problema, tendo um alto comando daquele.
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