Ciente de que nós queríamos dialogar com ele, o governador suspendeu o envio da mensagem ao Poder Legislativo, e marcou a audiência para a segunda-feira da semana seguinte.
Um fato que chamou à atenção de muita gente é que nós estávamos brigando por melhores salários e passando fome e foi exigida - não se sabendo de quem partiu tal idéia - que a comissão fosse à audiência, de terno, gravata e tudo mais...parecendo até que se nadava em dinheiro.
Foi constituída a comissão composta pelos coronéis Pádua e Mendonça, sargento Siqueira, cabo Aurélio e o doutor Ribamar. Entretanto, ao gabinete do governador só tiveram acesso o advogado e os dois presidentes. Foi tudo bem planejado, eles sabiam que os dois presidentes seguiam a orientação do comandante e não acompanhariam a tropa numa greve. Lá estava o Secretário de Segurança com a sua proposta, que tomando a palavra repetiu o que os policiais militares estavam detestando:
“É! O aluno soldado, 120, o soldado, 121 e o cabo, 123”.
O governador parecia não está gostando da interferência do seu general-secretário, ao dizer:
“Também aqui já tem jurista demais!!...”
Enquanto acontecia a reunião com o governador, os policiais militares aguardavam em assembléia geral unificada no Clube Tiradentes. Se o resultado fosse positivo, não haveria paralisação. Caso contrário, ninguém seguraria. E começaram os gritos de guerra, instigando a tropa que estava eufórica:
“Vamos parar!... Vamos parar!...”
Num clima de bastante tensão, chegaram os dois presidentes e os representantes da imprensa que estiveram presentes à reunião com o governador.
Quem deu a notícia sobre o resultado da conversa foi o sargento Siqueira, que informou:
“O governador disse que vai cumprir e marcou uma reunião conosco e a área econômica para a próximo sexta-feira”.
Os policiais explodiram de alegria, entretanto, o jornalista Paulo Francisco, representante do Diário de Natal e da revista Veja, dizia ao meu ouvido:
“Não ouvir o governador dizer isso. Eu o cerquei de perguntas se iria cumprir a determinação judicial, ele pulava e não respondia”.
Preferi ficar calado a contestar a informação do sargento Siqueira, considerando que poderia me precipitar. Ou, quem sabe..., estaria havendo engano de interpretação. Levando-se em conta que os presidentes das entidades não demonstravam interesse em aquartelar a tropa, porque seguiam a fio a orientação do Comandante Geral.
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