Passava das 18:00 horas de uma quinta-feira do mês de setembro de 1960. No Grande Ponto, como era conhecido o centro da cidade, que se tornara intransitável. O senhor Aluízio Alves, candidato a Governador do Estado do Rio Grande do Norte, realizava mais um de seus comícios. Com um carisma extraordinário, conseguia magnetizar multidões incalculáveis de correligionários fanáticos. Mulheres – jovens e idosas – choravam e desmaiavam. Ele era mesmo um cigano feiticeiro, como o foi cognominado popularmente.
Eu me encontrava bem distante do palanque assistindo a um espetáculo que nunca tivera visto. Aquela multidão, que se encolhia e se espremia a procura de espaço para apoiar os pés, parecia está enfeitiçada. Perto dali observei uma senhora dos seus 40 anos de idade, a qual, possuída de uma desequilibrada paixão, delirava dizendo para uma sua amiga:
“Tadinho, mulé!! Ele parece um santo!!...”
Eis que alguém me puxou pelo braço. Virei-me rapidamente. Era o meu colega de turma de praça, o 3º sargento João Xavier Filho, que viera de Martins, o qual me convidou para, às 20:00 horas daquele dia, ir a um jantar que os sargentos da Polícia Militar estavam oferecendo ao coronel Luciano Veras Saldanha, na Peixada do Arnaldo, no bairro das Rocas.
Conversando, o tempo passou rápido. Xavier consultou o seu relógio e disse:
“Está na hora. Vamos!...”
Saímos com destino à Peixada do Arnaldo. Não levamos mais de 10 minutos para lá chegar. Tinha gente que não cabia mais. O coronel Luciano não demorou chegar. Homem forte, vermelho, alto. Com ele, uma comitiva que tinha o comando de Erivan França - um aluizista de carteirinha. Começaram os comes e bebes, e em seguida os discursos de vários sargentos; dentre eles, um - em nome de todos - convidou o coronel Luciano para comandar a Polícia Militar, se Aluízio se elegesse governador. Encerrando, o coronel Luciano falou com muita veemência, agradecendo e aceitando o convite.
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