O coronel Mendonça, no dia 27 de março, em entrevista ao jornal Tribuna do Norte denunciava a vida de miséria que os policiais militares estavam enfrentando. Ele dizia que a situação não comportava mais esperar. Tendo que ser já. E que a preocupação de urgência era para evitar que se chegasse ao ponto que os oficiais perdessem o comando da tropa, a qual vivia a espera de um comando para deflagrar uma greve.
Reconheceu o coronel que a greve na PM era proibida por lei. Consciente disso fez um apelo ao governador para ser concedida, pelo menos, antecipação salarial levando em consideração a gravidade do momento, sendo preciso obter uma forma de concessão de aumento emergencial para minorar a situação atual da tropa. Do contrário, poderiam enfrentar a mais grave crise da história da Polícia Militar do Rio Grande do Norte.
Na verdade, o coronel Mendonça estava certo. A situação não era de brincadeira. Na Assembléia Legislativa, o deputado Antônio Capistrano lia, em plenário, cópia de um boletim da PM em que o soldado Djalma fora preso “por haver contraído dívidas além de suas possibilidades financeiras e se esquivado de saldá-la, comprometendo assim o bom nome da classe e da corporação.” O deputado considerou o episódio, um desrespeito ao ser humano.
O comandante não dava um passo em busca de melhores condições financeiras para os seus subordinados, mas aplicava punições exageradas e vivia me ameaçando com punições, utilizando um regulamento disciplinar totalmente arcaico, que fora reformado na fumaça da ditadura militar. E ainda reunia a impressa para informar que não havia insatisfação na tropa e que estava tudo bem.
Nos quartéis da Polícia Militar, os comentários eram grande sobre a posição do coronel Mendonça. Os policiais não poupavam acusações contra o comandante, inclusive divulgavam fatos comprometendo a sua administração.
Temeroso de que a posição de Mendonça iria fortalecer a campanha que eu estava promovendo, determinou que a segunda seção seguisse os meus passos.
No início do mês de abril, o comandante mandou me chamar ao seu gabinete, fazendo-me ameaças de me prender se eu concedesse alguma entrevista aos meios de comunicação. Dois dias depois, os jornais publicaram uma entrevista minha. E o comandante nada fez. Ele temia prender-me e a tropa se revoltar.
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