Com a divulgação feita em grandes proporções pela mídia, tornei-me fácil de ser identificado pelo povo. Ao sair de casa, dezenas de pessoas me abordavam sobre o assunto que nos torturava tanto.
Elas queriam saber de tudo, detalhadamente, e muitas externavam a sua indignação contra o comandante. Aonde eu chegava... nos coletivos, nas repartições, nas ruas, ficava repetindo toda aquela triste história.
Muitas pessoas me perguntavam, de maneira cômica:
“Você é o subtenente Júlio? O homem que o comandante da Polícia Militar matou”!?
Eu não suportava toda aquela conversa. As lágrimas começavam a descer. E profundamente amargurado, retornava correndo para casa, onde encontrava minha família se afogando nas lágrimas.
Não existia mais equilíbrio emocional para sair à rua. Mas, ficar dentro da casa com tanto choro, eu não suportaria.
Tentei superar todo o sofrimento do meu lar. E busquei trabalho. Um meu amigo - Emanuel Nunes -, profissional de vendas, trabalhava na praça de Natal para uma empresa de turismo de Fortaleza, Estado do Ceará. Emanuel me deu parte do seu material, e fui à luta. O público alvo localizava-se na classe empresarial, funcionários públicos graduados e profissionais liberais.
Quase todas as pessoas que eu me dirigia com o objetivo de fechar um negócio, ficavam me olhando querendo me falar algo... E falavam mesmo:
Ou senão, diziam:
“Você é o policial daquele caso da polícia, não é?”
Os meus pretensos clientes não se interessavam mais pelo produto que lhes oferecia, e sim, pela minha história. Sem fechar um negócio, eu ia embora, totalmente, desmotivado, desiludido da vida, e sem nenhuma perspectiva de um mundo melhor.
Deixei os contatos pessoais para fazê-los pelo telefone. Eu acertava com as pessoas, e em seguida telefonava para Emanuel, que à hora marcada iria comigo, e fechava o negócio, ficando deste modo, muito limitado, vez que dependia do tempo de Emanuel.
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