Cap 84 - Meus inimigos não me largaram
Cap 84 - Meus inimigos não me largaram

 

          No dia seguinte - sexta-feira - publicou no boletim do comando, as escalas de serviço do final de semana, como acontece rotineiramente, na qual eu estava escalado comandante do policiamento da Penitenciária Central João Chaves – o famigerado caldeirão do diabo.

         O escalão superior não me chamou para me dar qualquer instrução, apesar de me encontrar afastado da tropa há 8 anos. Meus malditos perseguidores, que nunca me deram tréguas e tramavam tudo, pensavam que eu me enrolaria. Mas, quebraram a cara!!... Deus, que me deu aquela grande vitória, não me abandonara.

Como todo militar tem que pertencer a alguma companhia, eles não me colocaram em lugar nenhum. Era como se eu não existisse. Mas continuavam me escalando de serviço. Requeri transferência para a reserva remunerada, pois eu estava com tempo de sobra, entretanto, o requerimento deixava de seguir os trâmites legais porque  não  tinha  comandante  de  companhia  para  prestar as devidas informações.

No dia 15 de dezembro, no início do expediente, um  cabo muito do abelhudo da Diretoria de Pessoal, que mandava mais do que o seu coronel-diretor, queria me colocar na Companhia de Polícia em Pau dos Ferros, a mais 500 quilômetros de Natal. Portanto, muito distante do meu lar. Não o fazendo, graças à intervenção do coronel José Francisco Pereira, Diretor de Apoio Logístico da corporação, o qual disse:

“Não!... Júlio, não!... Ele vai para a minha repartição. Podem publicar em boletim a classificação do subtenente na Diretoria de Apóio Logístico.”

O coronel José Francisco Pereira - coronel Pereira - também havia passado pelo mesmo processo, pois fora transferido para a reserva remunerada da PM, como capitão, e por força de decisão judicial retornara como tenente-coronel

Ao qual agradeço, profundamente, através desta obra.

No mesmo dia 15 de dezembro, entrei com requerimento de transferência para  a reserva remunerada, que fora transformado num processo.

Os meus algozes de plantão esconderam o processo na Diretoria de Pessoal. Eu, contudo, não lhes deu folga e exigi que eles descobrissem o destino do documento. Ora! De lá não se mexeu. O qual estava bem escondido num montão de processos velhos com destino ao arquivo morto. 

Da Polícia Militar, o processo foi levado à assessoria de imprensa do  Palácio  Potengi, a fim de ser publicado no Diário Oficial do Estado. O coronel Amanso (*), Secretário-Chefe do Gabinete Militar, pelas mãos do qual passavam os expedientes da PM, prazerosamente, exclamou: 

“É de Júlio...!? Deixa comigo, que vou dar um chá de gaveta”.

Esperei 15 dias e nada. Resolvi correr atrás. Cheguei à porta do gabinete do coronel e sem lhe cumprimentar, na presença de quem lá estava,  asseverei-lhe, com efusiva rispidez:

“Se amanhã, a minha transferência para a Reserva Remunerada não for publicada no Diário Oficial do estado, eu vou denunciar através dos meios de comunicação”.

Ora, no dia seguinte minha transferência foi publicada, com os proventos de 2º tenente. E, assim, eu vi concretizada até então, a maior vitória da minha vida, que seria anular aquele ato covarde e perverso.

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