No dia 20 de maio de 1992, portanto, 6 dias após haver cumprido os 4 dias de prisão, eu me encontrava no Clube Tiradentes quando duas mulheres me procuraram.
A mais nova perguntou-me:
Eu pensei, já emocionado:
“Puxa! Estou ficando famoso.”
E continuou a mulher:
Fiquei pasmo com aquela conversa, pois, há 48 anos que os meus pais haviam me abandonado, e, só 35 anos depois localizei Pedro, o qual, também não conhecia nenhum irmão, bem como não me falou se existia mais alguém, com exceção de Belinha.
Pedi a identidade da mulher mais idosa. Realmente, era minha irmã. Aceitei-a como sangue do meu sangue. Era a mais velha da família. Chorando, pedia-me perdão dizendo:
“Quando nossos pais nos deixaram, você chorava muito dizendo que eu lhe havia abandonado. Perdoe-me”.
Assisti toda aquela cena sem sentir nada. Era como se eu estivesse vendo uma pessoa qualquer chorando. Fiquei confuso alguns dias, e perguntando a mim mesmo: “Por que eu não havia sentido nada, nem um pouquinho de emoção naquela oportunidade”?
Entendi, depois de vários dias, que o tempo e a falta de contato com a minha família, falta de carinho, de amor e uma vida sofrida; sem ter vivido uma vida de criança. Sem um colo materno que me acolhesse. Os meus sentimentos de amor aos meus irmãos de sangue estavam destruídos.
Meses depois, minha irmã Belinha me fez uma visita. E foi a partir daquela visita que comecei a me esforçar para recuperar o amor por elas, que dentro de mim estava totalmente ausente.
|
20 |