Chegou a segunda-feira - 14 -, o sexto dia de greve. Fui bem cedinho para o Clube Tiradentes. Os policiais, também, chegaram cedo, mas, faltava muita gente. As prisões continuavam. Alguns policiais telefonaram-nos avisando de que centenas de PMs, que não participaram das decisões nas assembléias, foram para o Quartel da Polícia Militar, na manhã daquela segunda-feira, pensando que a tropa se encontrava lá, e iam chegando e sendo presos e recolhidos aos xadrezes, enquanto outros ficavam sem sair. O quê deixava a comissão preocupada era o fato dos policiais estarem sendo presos porque não iam às reuniões e ficavam tomando cachaça na rua, motivando esvaziar o movimento.
Recebi um telefonema do doutor Odúlio Botelho, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/RN, o qual me comunicava sobre uma conversa que tivera com o comandante geral.
Relatei-lhe todo o drama que envolvia os policiais militares, inclusive o descaso do alto comando que não movia uma palha em nosso benefício.
Naquela oportunidade o doutor Odúlio me convidou para uma reunião na OAB, às 15:00 horas, do mesmo dia.
Quem compareceu ao clube, às 7 horas e 30 minutos, naquela manhã, foi o major Câmara, Comandante do Corpo de Bombeiros, que educadamente externou o desejo de ser mediador entre os policiais e o coronel Altamiro:
O major foi apanhar o coronel Altamiro, e não se demorou a voltar. Deixamos os dois no gabinete da presidência do clube, e fomos primeiro preparar o espírito dos policiais e familiares, inclusive diversas esposas que se destacavam na luta paredista.
Com o subcomandante presente à reunião, e depois de ouvir alguns companheiros, apresentei a proposta que os policiais aceitavam:
A proposta do subcomandante foi rejeitada. À reunião estavam presentes representantes de várias instituições, que foram prestar solidariedade aos policiais militares. A tensão tomava conta deles e de seus familiares. A maioria dos policiais que se mantinha com serenidade estava se afastando das reuniões devido o radicalismo de muitos. As prisões continuavam. Em frente ao clube estavam estacionadas 5 guarnições sob o comando de oficiais com a finalidade de prender os que estavam lá, que também lutavam pelo direito deles.
Contando com a presença dos mais exaltados, estes, podiam nos levar a um caminho bem diferente. Como eu disse ao coronel Altamiro: Tudo feito tomado de emoção é drástico.
Desde o início que eles não seguiam a orientação das lideranças do movimento. E fatalmente se configurava a derrota. Tentei convencê-los a colocar a família para protestar, e eles retornariam ao trabalho, pois, o povo estava do nosso lado, e as autoridades governamentais já haviam anunciado uma solução imediata para atender as nossas reivindicações, entretanto, tentei em vão.
Perto do meio-dia, foi encerrada a reunião. As guarnições continuavam lá e chegara mais um carro choque. Um dos oficiais me percebendo entrou na viatura, e deu partida em minha direção, mas, rapidamente, apanhei um ônibus que acabara de parar na frente de outro e o oficial seguiu o de trás. Muito distante, quando o outro ônibus mudara de rota e a guarnição seguindo-o, desci e apanhei outro coletivo. Fui para minha residência.
Em casa, comecei a refletir sobre os rumos que o movimento estava tomando com a maioria dos policiais recuando, e todo dia ocorrendo dezenas de prisões. Nós acabaríamos presos. Eu teria que procurar uma saída honrosa, levando em consideração que estavam conosco além dos sindicatos já consignados, os Sindicatos dos Petroleiros e dos Médicos, as Igrejas Católica e Evangélica, a OAB, e Direitos Humanos. Depois de meditar, decidi me comunicar com o major Câmara, pois, a sua maneira diplomática e tão educada teria me transmitido confiabilidade.
Telefonei para o major:
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