Com o resultado não satisfatório, o doutor José de Ribamar teria que esperar a publicação do acórdão, para interpor recurso em mandado de segurança junto ao Superior Tribunal de Justiça - STJ.
Os policiais militares sem estímulo, diziam que não acreditavam em nenhum resultado positivo que dependesse da justiça. Na concepção de muitos, eles estavam rejeitados e jogados ao total descaso uma vez que as autoridades da corporação não lutavam pelos direitos da tropa, e o único poder que acreditavam - o Judiciário - não se tornara digno de, pelo menos, merecer o respeito de quem preservava a ordem pública.
Apesar do descrédito para com a justiça, eu e o cabo Sobrinho convocamos uma assembléia geral unificada - reunindo subtenentes, sargentos, cabos e soldados. A finalidade da reunião, dentre outros assuntos, era para esclarecer aos policiais militares que o próximo passo na justiça seria interpor Recurso em Mandado de Segurança junto ao Superior Tribunal de Justiça, com sede em Brasília, Distrito Federal.
O número de policiais militares presentes à reunião não correspondeu à expectativa das associações, mas os policiais que compareceram estavam destemidos e prontos para enfrentar o que preciso fosse em defesa de seus direitos.
Eles solicitaram que eu e o cabo Sobrinho fizéssemos a convocação de nova Assembléia Geral Unificada, para o dia 9 de dezembro de 1992, às 14:00 horas, inclusive, todos ficariam encarregados pela divulgação no seio da tropa.
Foi aceita a sugestão, sendo os editais distribuídos nos locais de destaques e aos meios de comunicação.
Nos quartéis, o assunto era a reunião do dia nove. Ocorre, que surgiram pessoas com orientação não se sabendo de quem, envenenando a cabeça dos policiais, incitando-os a uma greve. Existia gente apostando na queda do comandante geral, e até sonhando que se sentaria naquela cadeira tão cobiçada e responsável pela brutal transformação de personalidade de alguns coronéis gananciosos, que ficavam inebriados pelas fantásticas mordomias oferecidas pelo poder.
Esta mesma gente, que promovia a insatisfação da tropa, exibia xerox dos contracheques do filho do comandante, que era segundo tenente, percebendo gordíssimas gratificações, e apresentava também xerox dos contracheques de três policiais femininos, as quais trabalhavam no gabinete do comandante, e comiam do bolo que fora levado pela tempestade das gratificações; estas, mais altas que os vencimentos de um segundo tenente, motivo que causava revolta à tropa. Conhecendo o comportamento dos praças, os referidos mentores não se lhes pouparam à instigação por que estavam certos nas posições radicais que seriam adotadas pela assembléia unificada.
Aos quatro cantos dos quartéis, ouviam-se os comentários que os policiais faziam sobre a realidade dentro da corporação e convocavam a todos para a referida assembléia. Irados, os policiais acusavam o comandante de haver abandonado a tropa porque não moveu uma palha em defesa dos seus soldados. Concomitantemente, os meios de comunicação acusavam-no pela prática de gastos excessivos do dinheiro público, e que estava sem prestígio perante aos seus comandados.
Corriam os boatos de que, no carnatal - nos dias 11, 12 e 13 de dezembro - não teria policiamento ostensivo, e os PMs cruzariam os braços. Até palavras de ordem e músicas para o dia foram ensaiadas. Eu só tomei conhecimento de tudo isto, meses depois.
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