O Quartel da Polícia Militar estava transformado num caldeirão de pólvora pronto para explodir. Faltava apenas a chama. E esta foi a reportagem do dia 7 de setembro.
No mesmo dia da Parada Militar, os sargentos solicitaram uma assembléia geral para o dia 9 seguinte. A reunião foi anunciada através de rádios, jornais e carros de som.
Na manhã do dia nove, os sargentos formavam aqueles grupinhos se organizando para a reunião no interior do quartel, que seria realizada à noite, na sede da associação.
O coronel Luciano ao tomar conhecimento sobre a convocação tentou impedir fazendo ameaças de deixar toda a tropa impedida dentro do quartel, mas, foi aconselhado por um de seus assessores que não o fizesse, vez que os sargentos estavam determinados e fariam a reunião a todo custo, porém, prolongou o expediente até às 9 horas da noite.
Do quartel, seguiram os sargentos diretos para a sua associação. Exatamente, às 22 horas o presidente Gil deu abertura aos trabalhos. Na ocasião, a mesa diretora elaborou um documento reivindicando 100% de reajuste nos vencimentos, que seria entregue ao coronel Luciano para fazê-lo chegar às mãos do governador Aluisio, no dia seguinte.
Mas, surgiram exaustivos debates durante a redação do documento. Por fim aprovado! Seguindo-se a tomada de assinatura dos presentes no documento que recebeu o nome de memorial.
Após tudo pronto, foi colocada em votação que atitude tomariam os sargentos junto à tropa quando chegassem ao quartel naquela manhã.
Surgiram duas propostas. O subtenente Antônio André Sobrinho sugeriu que se entregasse o documento e a tropa continuava trabalhando normalmente; e a outra proposta foi de minha autoria, que seria entregar o documento e aquartelar a tropa, pois, sem sucesso, nós já estávamos cansados de entregar documentos ao governo.
Depois de caloroso debate, foi aprovada a proposta do aquartelamento. Continuando os trabalhos da assembléia, elegeram uma comissão composta de Gil Xavier de Lucena, Antônio André Sobrinho, Antônio Batista Gomes e Júlio Ribeiro da Rocha, a qual (comissão) que ficaria à frente de todo o movimento paredista.
Antes de encerrada a reunião, dois sargentos que não haviam assinado o documento, saíram às escondidas. Eles foram a pé, e bem distante, à residência do coronel Luciano, a fim de comunicar-lhe sobre tudo que estava acontecendo. Os miseráveis, todos casados, sofrendo como toda a tropa, mas, não deixaram aquela mania desgraçada de “puxa-sacos”; de traidores; de “dedos duros”.
Quando se notou a falta deles, alguns companheiros queriam sair em sua perseguição, e lhes aplicar uns tabefes, mas foram desaconselhados e desistiram.
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