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Cap 122 As festas de final do ano
Cap 122 As festas de final do ano

 

          Chegou véspera de Natal. O comandante dispensou os policiais presos que se envolveram na greve a fim de passarem Festa de Natal nas suas residências, mas só me mandou quando doutor Ribamar entrou em contato com ele.

Ao deixar o CFAP, observei que duas guarnições estavam me seguindo à distância. Apanhei o coletivo, e elas saíram acompanhando. Desci do coletivo bem próximo de casa, e as guarnições pararam, colocando-se à entrada da rua.

Minha família recebeu-me com profunda alegria. As viaturas da polícia ficaram rua-a-acima, rua-a-abaixo. Ou ficavam horas e horas paradas na esquina.

No dia 26 de dezembro, bem cedo, apresentei-me ao major Reis, no CFAP, para dar continuidade ao cumprimento da pena.

No dia 30 de dezembro, os policiais presos foram para suas residências e retornariam depois do dia de ano. Não houve determinação para mim. No mesmo dia 30, telefonei para o coronel  Altamiro, que se encontrava em sua residência, o qual me saiu com conversa fiada:

  • É, Júlio! Você sabe!... O comando!....
  • O comando o quê, coronel!?...

Não tendo mesmo alegação nenhuma, não me dispensou. Na manhã do dia 31, resolvi insistir com o coronel Altamiro, telefonando para a sua residência, quando me informaram de que ele teria ido para o Quartel do Comando Geral, a fim de assistir aos exames físicos dos candidatos à seleção de cadetes.

Telefonei para o gabinete do mesmo coronel, e recebi a informação de que ele estaria assistindo aos tais exames no campo de futebol da corporação, a poucos metros de seu gabinete. Após este último contato, recebi um telefonema do doutor Geraldo do Ó, que ao tomar conhecimento sobre a minha luta tentando passar o dia de ano com minha família, o qual me disse:

“Altamiro foi meu colega de turma na faculdade. Vou telefonar para ele, e tenho certeza de que serei atendido.”

Minutos depois, o doutor Geraldo do Ó me telefonou dizendo que haviam lhe informado de que o coronel Altamiro não estaria no quartel.

Eu agradeci o empenho do advogado, mas, reafirmei dizendo que o coronel estava lá, e não queria atendê-lo.

Já perto do meio-dia, procurei telefonar para o doutor José de Ribamar de Aguiar, a quem lhe fiz ciência sobre o que se passara, e lhe forneci o número do telefone do comandante, coronel Luiz Pereira, que se encontrava na sua fazenda, no município de  Touros, no Rio Grande do Norte. O doutor Ribamar não demorou me informar de que o comandante dissera-lhe que já havia determinado a minha saída para casa.

O comandante, desprovido de escrúpulos, mentiu para o advogado, uma vez que não havia dado nenhuma ordem para o oficial de dia do CFAP. Na tardinha daquele dia telefonei ao doutor  Ribamar, ao qual fiz ciência de que o comandante o havia enganado. Quase duas horas depois, ele me deu o retorno, dizendo:

“Acabei de falar com o comandante, ele disse que você procurasse o oficial de dia e lhe informasse que o comandante quer falar com ele, urgente”.

Procurei o tenente que se encontrava de serviço ao CFAP, que depois de muito tempo conseguiu falar com o comandante. O oficial ficou ao telefone:

“Sim, senhor!... Sim, senhor!... Sim, senhor!...”

Findo o telefonema, o tenente virou-se para mim e disse:

  • O comandante disse que você fosse liberado agora, e amanhã, às 18:00 horas, era para estar aqui. E durante o caminho você não conversasse com ninguém. Você entendeu o quê eu estou dizendo, Jú...li...0!!?...
  • Entendi, sim senhor! Não precisa dizer-me mais nada.
  • Então, pode ir - ordenou-me.

Cheguei ao meu lar, às 20:00 horas. Era grande a tensão que minha esposa e meus filhos estavam vivendo. Passei o dia de ano com minha família. Às 17:00 horas daquele dia, apresentei-me ao oficial de dia do CFAP.

Vem a festa de reis - dia 6 de janeiro. Os policiais presos foram liberados para retornarem depois daquela data festiva. O comandante, porém, não me liberou. Eu não procurei mais o meu advogado. Preferi ficar aguardando os acontecimentos. O coronel Luiz,  desde  a  festa  de Natal, havia ficado furioso porque muito antes da minha prisão, um advogado impetrara um “Habeas-Corpus” preventivo em minha  defesa,  cuja  finalidade  seria evitar minha prisão, mas a justiça, devagar quase parando passou mais de dois meses para julgar o pedido. E o indeferiu porque se tratava de assunto disciplinar. E sem respeitar a lei e os direitos dos policiais, o comandante, que era auxiliado por seu subcomandante, coronel Altamiro, resolveu como castigo, não me permitir passar os dias festivos com a minha família, a exemplo dos outros presos.

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