O presidente do Conselho de Disciplina e seus membros foram ao CFAP para procederam ao meu interrogatório.
Sem a presença do meu advogado, impuseram-me como defensor o capitão Jorge, bacharel em direito, mas não o convocaram para assistir ao meu interrogatório, de acordo com a lei. Mas, era daquele jeito que eu queria mesmo!... E a ausência do defensor naquela oportunidade iria me favorecer na anulação de tudo quanto estavam fazendo comigo.
Após a leitura de um tal libelo acusatório eivado de calúnias, passaram a me interrogar, cujas perguntas eram por demais descabidas, buscando, a todo custo, o perverso desejo de prejudicar-me. Não acreditei mais na afirmação do coronel Emanuel que se dizia estar do meu lado. Mas... que lado!!... Ele era tenente coronel e queria ser promovido a coronel. Era muita graça!...
Terminado o interrogatório, o escrivão - capitão Reinaldo - retirou o papel da máquina, mandando-me assinar o quê eu houvera declarado.
De início, comecei a ler o documento. Existiam algumas palavras que eu não as havia dito. Rejeitei assiná-lo. A comissão se retirou do recinto, ficando de corrigir a falha, e, no dia seguinte, procurar-me para efetivar a minha assinatura. Realmente, corrigiu. E, após lê-lo, estando certo, assinei-o.
Diante da posição dos membros do conselho, e conhecendo o comportamento da maioria dos oficiais daquela época, eu não tinha dúvida de que a minha sentença já estava de há muito proferida. Em brincadeira, porém, com um pouco de verdade, passei a dizer aos sargentos do CFAP de que eu ia ser excluído da reserva remunerada da corporação, e seria considerado um homem morto.
Os sargentos até mesmo para me deixar menos tenso encaravam aquela minha conversa como uma brincadeira e me chamavam de fantasma.
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