Fui direto para casa, mas, com bastante cuidado, pois eu sabia que andavam querendo me prender. Na minha residência, tomei conhecimento de que um elemento desconhecido havia me procurado e feito algumas perguntas. Não sai mais de casa e fui procurado duas vezes por oficiais à paisana com ordem para me prender, aos quais minha família informou que eu não havia chegado.
Ainda pela tarde, através dos meios de comunicação, foi lida uma nota oficial do alto comando da Polícia Militar, através da qual era determinado aos policiais militares que se apresentassem aos seus respectivos quartéis sob pena de punição disciplinar. Ninguém se apresentou.
Antes da nota, um companheiro, que se encontrava no Quartel do Comando Geral, foi à minha residência e comunicou-me que os oficiais haviam detido e recolhido aos xadrezes cerca de dez policiais, inclusive teve coronel que arrastou policiais pela gola da camisa, surgindo até socos, jogando-os dentro do xadrez demonstrando que tudo quanto eles podiam oferecer era a falta de dignidade e respeito por seus subordinados. Informou, ainda, o companheiro que os comandante e subcomandante teriam sido chamados à presença do general comandante da 7a. Brigada, que lhes dera uma bronca para eles colocarem “ordem na casa” sob pena dele - o general - intervir no Quartel da Polícia Militar. Se o general fizera tal afirmativa, o fez para intimidar os coronéis, pois, um ato deste, tem início com um pedido do governador feito ao Presidente da República, a quem cabe conceder ou não. E sendo o coronel Altamiro formado em direito, ele sabia que o general não tinha poder suficiente para fazê-lo. Mas, o poder dos coronéis era tão fraco fora dos portões da corporação, que uma briga de galo para eles, seria a “Guerra das Malvinas”.
Retornando ao quartel, os coronéis queriam expulsar 50 policiais naquela tarde sem qualquer procedimento jurídico. Entretanto, acharam que não daria certo. Partiram para a prática de atos violentos e estúpidos. Bravos!!... Bravos coronéis!!
No sábado - dia 12 -, bem cedo, fui à residência de um amigo, na Zona Norte, de onde telefonei para as redes de televisão, rádio e jornal. O jornal O Poti publicou a seguinte manchete:
“LIDER DO MOVIMENTO ATIÇA E SE ESCONDE”.
Da residência do amigo, tomei conhecimento, por telefone, que a falta dos policiais em suas unidades era acima de cinqüenta por cento, inclusive o pessoal da Colônia Penal João Chaves.
Com a notícia de que eu estaria na Zona Norte, o comandante geral determinou o deslocamento de várias unidades motorizadas comandadas por oficiais, a fim de prender-me, mas, quebraram a cara, pois, eu já estava na minha residência, onde, aliás, havia uma guarnição na entrada da rua, que também “dançou”, porque não passei às suas vistas.
Os agentes da segunda seção não paravam de infernizar minha família perguntando sobre o meu destino, e eu bem comodamente dentro de casa, apesar, da imprensa continuar anunciando que eu estaria escondido na casa de um amigo na Zona Norte.
A grande decepção daquele sábado foi a apresentação espontânea do cabo Sobrinho, que acovardado se entregou, causando indignação aos policiais militares. Para muitos, certamente, o comportamento do cabo Raimundo Sobrinho não lhes causou surpresa, vez que os policiais diziam que ele era do “esquema do alto comando”.
No domingo - 13 -, os policiais faltaram ao serviço. O comando desde a sexta-feira que mandara colocar no policiamento ostensivo os alunos soldados, com 15 dias de curso, totalmente despreparados, não sabendo nem sequer lidar com o público.
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