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Cap 24 A maior riqueza da década
Cap 24 A maior riqueza da década

 

         Chegou o período da farinhada. A casa de farinha passou a moer sem parar - dia e noite - com três turmas, que trabalhavam com intervalo só para trocar de lugar, ou para as refeições. Dentro e fora do prédio formaram-se aqueles montes de mandioca.

Naquela sofra, os donos de roçados de mandioca contrataram Damião das sete bocas com a sua tropa de burros mulos para fazer o carregamento da mandioca.

Damião era  uma figura engraçada. Homem dos seus 50 anos, viúvo, pai de dois filhos. À noite, com tanto beiju, tapioca e café, ele dormia  lá mesmo com a sua rede armada debaixo de uma mangueira que ficava entre a casa de farinha e a casa grande. Com Damião não existia tempo ruim. Logo cedo, ele reunia a moçada de folga e começava a contar umas estórias engraçadas - que ele as chamava de “trancoso”. Eram estórias de fantasmas, lobisomem, saci-pererê, mula sem cabeça e mãe do mato – a caipora.

Enquanto tinha aquela brincadeira na casa de farinha, padrinho João, como de costume, largava-se às residências dos moradores, retornando lá pelas nove.

No meio da mulherada, estavam as quatro filhas de Manoel das sete bocas. Era cada pedaço de cabocla! Elas usavam perfume comprado na feira de Vera Cruz. Só elas mesmas suportavam aquele cheiro horrível. Gostavam de trabalhar, mas detestavam conversar. Elas sempre viviam encabuladas. Uma delas - a Maria José - já estava quase no caritó, porém, tinha uma desenfreada paixão por Manoel das sete bocas, com quem se casou poucos meses depois.

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