No dia 25 de março de 1992, eu e minha diretoria nos reunimos com o deputado Getúlio Rego, no Gabinete Civil do Palácio Potengi, oportunidade em que foi entregue nova proposta ao Secretário Leônidas Ferreira, chegando às mãos do governador José Agripino naquela mesma data.
O documento alertava ao governador que os baixos salários pagos pelo estado aos policiais militares estavam levando reflexos negativos à tropa, declinando a disciplina, causando desmotivação para o trabalho. Continuando, falava sobre a falta de profissionais, levando os policiais militares a enfrentarem uma desumana escala de serviço de 24 por 24 horas, ferindo, violentamente, a Constituição Federal, que determinava uma carga horária de 44 horas semanais, enquanto os PMs estavam obrigados a trabalhar 96 horas semanais, levando-os a um total desequilíbrio emocial, pondo em risco, especialmente, o desempenho de suas funções.
Na questão salarial, mostrava ao governador que no início do seu governo um PM de 3a. classe recebia de vencimentos o equivalente a três salários mínimos e meio, e que naquele mês de março, os vencimentos do mesmo PM não passava de um salário mínimo e três décimos. Um coronel, que no início do governo José Agripino, ganhava dez salários mínimos de soldo, estava ganhando dois salários e meio. Nada disto incomodava aos coronéis que havia desprezado os seus soldos e correram à procura das altas gratificações, deixando-os, vergonhosamente, omissos aos clamores dos seus comandados.
Na reivindicação, era solicitado ao governador que o soldo do coronel PM fosse elevado para seis salários mínimos, aplicando-se o escalonamento vertical, com o mesmo percentual, para o resto da tropa, e que as gratificações dos praças fossem equiparadas às dos oficiais, referentes aos cursos de formação e aperfeiçoamento. E o auxílio de moradia que era de 10% para os oficiais e sargentos, fosse elevado para 30% para toda a tropa.
Do Palácio Potengi, fui à Assembléia Legislativa, de onde dei uma entrevista ao jornalista Jurandy Nóbrega, do jornal Tribuna do Norte.
Falei sobre a situação de absoluta miséria que estavam vivendo os policiais militares, tornando-se impossível controlar uma tropa faminta, e culpei o descaso do comando que vivia alheio à crise na corporação. Alertei sobre toda aquela situação, considerando que os policiais estavam dispostos a parar as suas atividades profissionais.
O comandante geral havia dado entrevista em outro jornal, e negava que houvesse insatisfação dentro dos quartéis, nem havia movimento de oficiais ou praças referente a melhores salários, porém, admitiu que os baixos vencimentos levavam os sargentos a demonstrarem insatisfação generalizada.
O governador determinou que a proposta do Clube Tiradentes fosse remetida ao Chefe do Gabinete Militar, a fim de proceder estudos e ser devolvida ao Gabinete Civil para as devidas providências. Porém, de maneira estranha ficou engavetada naquele Gabinete Militar. E de lá só se movimentou com o coronel Salatiel que assumiu o referido setor, no governo Vivaldo Costa, que atendeu a proposta que eu havia apresentado em nome do Clube Tiradentes, corrigindo uma grande injustiça que fora praticado pelos próprios oficiais da Polícia Militar contra os praças - os seus irmãos de farda.
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