Decorreram-se 10 meses da impetração do mandado de segurança que anularia a minha expulsão da reserva da Polícia Militar. Ocorreu, finalmente, o julgamento.
Fui assistir em companhia do doutor José de Ribamar. Após abrir os trabalhos, o Desembargador Francisco Lima, Presidente do Tribunal de Justiça, disse:
“A justiça do Rio Grande do Norte está diante de um caso hilariante: Vai ressuscitar um homem que o comandante da Polícia Militar matou”.
Teve início o julgamento. Ganhei de 10 a zero. O tribunal anulou o ato insensato do comando, e reintegrou-me à reserva remunerada da Polícia Militar.
Com a esmagadora vitória obtida perante a justiça estadual, despencavam todas as ações dos meus malfeitores. Todavia, parte da vida de minha família estava destruída. Parte da minha vida, também, fora destruída.
Com sensacionalismo, os jornais publicavam a decisão do tribunal e uma das manchetes dizia:
“Ressuscitou dos mortos no terceiro dia”.
Publicado o acórdão e decorrido o prazo, fui à Secretaria do Tribunal de Justiça, a fim de pegar o ofício dirigido ao comando da corporação, através do qual lhe seria comunicada a decisão judicial.
No quartel, encontrei os meus algozes derrotados e cabisbaixos. Encontrei-os dentro do seu mundo sujo igual a eles. Não tiveram dignidade para me encarar.
Há 10 meses, confiante em Deus, eu dissera a dezenas de companheiros numa reunião no Clube Tiradentes, que anularia tudo, e ao retornar, encontraria cabisbaixos os que me perseguiram, que me humilharam, que me massacraram. Deveras, os encontrei.
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