As torturas emocionais continuavam. Antes, como derrotado. E naquela fase, como vitorioso. Todos queriam me dar os parabéns, mas faziam comentários que me torturavam demasiadamente.
Os policiais militares que me chamavam de herói e me deram as costas quando fui expulso, batiam no ombro e diziam:
“Parabéns! Você é um herói. Você merece”.
Quanta covardia!...
À tarde daquele dia 6 de abril, dirigi-me à rodoviária, e comprei uma passagem para Campo Grande, Capital do Estado do Mato de Grosso do Sul, onde morava meu filho mais velho que era sargento do Exército.
Eu queria esquecer todas as humilhações miseráveis das quais fomos vítimas. Mas, não me foi fácil, pois, durante dois meses eu ainda chorava e não evitava as lágrimas.
Vi que seria necessário me manter ocupado, razão que me levou à filial da mesma empresa que eu havia perdido o emprego de promotor de vendas, na qual reiniciei minhas atividades profissionais, tendo o mercado local com boas oportunidades de negócios. Lá, eu passei a ter uma vida totalmente diferente, em um novo mundo. Bem longe daquelas fisionomias monstruosas e asquerosas que me causavam repúdio.
Em Campo Grande, com o aval da empresa, recuperei cartão de crédito e abri conta bancária. Naquela cidade me demorei 6 meses. Já bem recuperado de todo aquele trauma desastroso, retornei à Natal, no final do mês de setembro de 1994.
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