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Cap 90 O simpósio
Cap 90 O simpósio

 

             Seguindo orientação da União Brasileira das Entidades Representativas dos Subtenentes e Sargentos - UBERSUSA, convoquei minha diretoria e programamos um simpósio reunindo as entidades dos subtenentes e sargentos das Polícias Militares e Bombeiros Militares do Nordeste, que seria realizado nos dias 7, 8 e 9 do mês de novembro de 1991, no Plenário da Câmara Municipal de Natal.

Procurei divulgar o evento através dos meios de comunicação - rádios, jornais e televisão. O comandante geral havia viajado para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a fim de participar de um encontro com os comandantes das  Polícias Militares do Brasil. O assunto era, basicamente, o mesmo: A desmilitarização. Só que, os comandantes eram contra porque eles temiam perder a força que tinham no poder. Entretanto, os subtenentes e sargentos estavam divididos.

O coronel  Dantas ao tomar conhecimento sobre as minhas entrevistas determinou ao major Cavalcanti, chefe da segunda seção, que me chamasse para ir falar com o comandante geral, coronel Luiz Pereira, que acabara de retornar do Rio Grande do Sul.

Passei 4 horas esperando para falar com o comandante. Aquela demora toda era justamente para me massacrar, comportamento este, que não tinha discípulos, senão mestres na corporação.

Depois daquela exausta espera, um oficial de gabinete mandou-me entrar. O comandante estava só, mas, de imediato, entrou também o seu chefe de gabinete, o coronel Luiz Franklin Gadelha, o qual conduzia um exemplar de um jornalzinho da associação “O Tiradentes”, no qual existia um trabalho assinado por mim, e nele eu me posicionava contra  a desmilitarização das Polícias Militares. O coronel Gadelha, em voz alta, começou a ler a matéria. Ele lia...lia... Parava e perguntava-me:

  • Foi você mesmo Júlio, que escreveu isto aqui?
  • Foi sim, senhor.

O comandante, atentamente, assistia à leitura e balançava com a cabeça aprovando o que eu houvera escrito.

Finda a leitura, o comandante pegou xerox de um dos jornais que dei entrevista, e disse-me:

“Não, Júlio...! Não é nada não. Isto é coisa de Dantas!... Mas, eu quero lhe dizer que você está com a razão. A partir de agora as portas do meu gabinete estão abertas para a diretoria da associação.”

Com a minha posição contra a desmilitarização, o comandante estaria do nosso lado, transmitindo-nos uma certa confiança, vez que eu e minha diretoria estávamos nos preparando a fim de buscar diálogo junto ao governo do estado, através do comando.

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