A profissão que eu estava exercendo, não era a que eu desejava. E vivia pensando buscar nova vida. Eu queria estudar mas, entretanto, os conhecimentos de Chico de Tutuia haviam se esgotado para mim.
Uma força interior de há muito me impulsionava a mudar de vida. De procurar nova perspectiva. Foi assim ao deixar a casa de padrinho João Horácio, ao deixar Chico Galvão. E desta vez, mais forte, para deixar Luiz Sátiro e buscar uma vida mais digna.
Foi nesse tempo que travei conhecimento com o soldado Domício, que servia no destacamento policial de Monte Alegre, o qual me aconselhou para sentar praça na Polícia Militar. Eu estava com 16 anos e oito meses, e segundo ele, a corporação aceitava rapazes maiores de 16 anos, pois o Exército estava autorizando.
Para ser incorporado, a polícia exigia o registro de nascimento, mas eu não o tinha. O Soldado Domício levou-me ao Cartório de Solon Ubarana, onde fui registrado como natural de Monte Alegre, com os nomes dos meus pais verdadeiros: Antônio Ribeiro da Rocha e Isabel Firmino da Conceição.
Era 14 de agosto de 1957. Domício mandou que eu arrumasse meus pertences, que no dia seguinte, às 7 horas, eu iria à Natal, a fim de alistar-me na Polícia Militar. De fato, no dia 15, bem cedo, ele foi até à padaria de Luiz Sátiro, onde eu já o aguardava. Entregou-me um bilhete e disse-me:
“Quando você chegar ao portão, diga que deseja falar com o brigada, que é o sargento Balduíno, e entregue este bilhete a ele”.
Da padaria, levou-me até ao caminhão misto de Ernesto, a quem recomendou:
Apanhei o misto me espremendo todo por que o veículo estava lotado. Com pouco tempo, Ernesto deu partida. Nós seguimos por aquela estrada estreita e empoeirada, até que chegamos à pista - a BR 101- que também era estreita, e passava apertado um carro por outro.
Finalmente, estávamos em Natal. Ernesto parou o misto de supetão e deu marcha ré. Ele havia passado do local que Domício o solicitara. Parou o carro. Olhou para mim e apontando com o dedo indicador da mão esquerda, disse-me:
“Desça e vá num caminho que tem por baixo daquelas mangueiras, que vai sair bem em frente ao portão do quartel”.
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