No início do mês de outubro de 1982, eu lancei o meu primeiro livro “Cicatrizes”, que era uma narrativa dos fatos que envolveram a Polícia Militar no governo Aluízio Alves.
O livro teve uma conotação política bastante forte, considerando que no dia 15 de novembro seriam realizadas as eleições para governador. E os dois principais candidatos eram os senhores José Agripino Maia e Aluízio Alves. Muita gente, que não era fanática, e que votaria em Aluízio, mudou o seu voto após ler o meu livro, que esgotou a sua única edição de dois mil exemplares em 15 dias.
O lançamento ocorreu no auditório da Faculdade de Farmácia com mais de 100 convidados. A grande decepção para minha família foi a falta de comparecimento do pessoal da Polícia Militar para quem distribui 500 convites. Só compareceram 8 sargentos. Mas, lá estava um agente da repressão anotando os nomes dos policiais presentes. Estes, agentes, aliás, estavam sempre me rondando.
Na corporação, fizeram recomendação para ninguém andar com o meu livro dentro do quartel. Teve até gente capciosa que andou dizendo que o livro teria sido escrito pelo deputado federal Ney Lopes, e que, apenas, eu havia emprestado o meu nome. Era burrice até demais. Ora, Ney Lopes, que é escritor, deputado federal e brilhante advogado, iria escrever um livro e usar o nome de um sargento de polícia, que à época não era nem conhecido!
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