Cap 92 O comandante cruzou os braços
Cap 92 O comandante cruzou os braços

 

           Passados 45 dias da audiência com o comandante, retornamos ao seu gabinete. Ele, entretanto, não havia dado um passo a fim de ir ao governador apresentar a nossa proposta. Ele, contudo, preferiu aumentar o seu poder de fogo ao convocar os coronéis do alto comando, com o objetivo de participarem da reunião, que procuraram nos encurralar com um verdadeiro interrogatório, no intuito de nos intimidar.

Os coronéis, com tanto afinco, defendiam os cofres públicos dizendo que o estado não tinha condições para dar aquele reajuste, porém, eram logo rechaçados na sua mesquinhez quando lhes eram apresentados os valores que o estado arrecadava mensalmente.

O coronel Luiz não apresentou nada de concreto. Continuava dizendo que estava esperando uma oportunidade para falar com o governador, enquanto os demais secretários de governo não tinham facilidade para marcar audiência com o chefe do executivo potiguar, o comandante - também secretário igual aos outros - fugia do assunto como o diabo foge do nome de Jesus.

Saímos do gabinete sem nenhuma perspectiva de negociação com o governo. E acima de tudo decepcionados com o homem que nos franqueara as portas do seu gabinete.

Chegamos à conclusão de que, não só o comandante, mas, todos os coronéis que formavam o alto comando não tinham interesse nenhum em buscar melhores vencimentos para a sua tropa. Eles viviam bem obrigado, com as gratificações de cargo de confiança. E o resto?....

A tropa - do tenente-coronel ao simples policial militar - não gostou da posição assumida pelo comando. E as pressões me impulsionavam a uma providência mais radical.

Passamos 90 dias esperando uma posição do comandante que nos levasse a uma negociação com o governador. Ele, lamentavelmente, não se mexeu dando total descaso ao nosso pleito.

Diante de tal atitude do comando, convoquei os subtenentes e sargentos. Reunidos, decidimos deixar o comandante para lá e tentarmos contato direto com o governador, tendo como elo de ligação o deputado Getúlio Rego, líder do governo na Assembléia Legislativa, mas não obtivemos êxito, isto porque o comandante prestava informações ao Chefe do Gabinete Civil do Governador, doutor Leônidas Ferreira,  de que não existia insatisfação na tropa,  que tudo ia bem e sob controle. O governador, entretanto, acreditava no que o seu auxiliar lhe informava.

Esgotadas as possibilidades de uma negociação, nomeei uma comissão, a fim de promover uma urgente reforma no estatuto social da entidade, pois o atual não me dava poderes para contratar um advogado que iria impetrar Mandado de Segurança Coletivo junto ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, cuja medida já estava liberada pelos subtenentes e sargentos, sócios do Clube Tiradentes.

Para efetuar a reforma designei o sócio Luiz Carlos como presidente da comissão de reforma estatutária. Este delegou poderes ao secretário da comissão, Gilvan Clemente, que se encontrava com 6 meses de licença especial, ficando responsável pelas alterações em regime de urgência, para em seguida convocar a comissão e concluir os trabalhos.   Ocorre, todavia, que o secretário gozou o seu período de licença e não havia feito nada, razão que me levou a avocar os trabalhos da comissão, e em regime  urgentíssimo, com a valorosa colaboração de Luiz Carlos, fiz a reforma estatutária, que  foi aprovada e registrada em cartório.

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