Era setembro de 1953. Compadre Zeca e Osório haviam tirado o leite das vacas. As esposas dos moradores apanhavam o seu leite, que padrinho João lhes dava de acordo com o número de filhos. A produção do leite aumentara satisfatoriamente. Maria, esposa de Osório, trabalhava no feitio de queijo e manteiga.
Naquele ano, foi excelente a produção agrícola. Meu padrinho fazia a sua primeira grande colheita de algodão. As esposas dos moradores ganhavam pelo que produziam na apanha do algodão.
As duas produções – farinha e algodão - eram guardadas nos grandes quartos da casa grande.
A casa de farinha continuava moendo para os vizinhos e moradores da fazenda pitombeira. De cada dez cuias de dez litros, duas eram para padrinho João.
A última farinhada foi a de compadre Zeca. À noite do último dia, Zeca e padrinho João, sentados no terreiro da casa de farinha, conversavam sobre a fartura daquele ano. De repente, mudaram de assunto. Eu, bem perto deles, sentado num tronco de cajueiro, fiquei escutando o novo assunto.
Ouvindo aquela conversa, causou-me revolta. Comecei a pensar:
“Eu tenho pai e mãe, e vivo sofrendo pela casa dos outros, trabalhando feito um animal. Sem uma mãe para me acariciar, beijar-me, como eu vejo todas as mães fazerem com os seus filhos...”
Com a cabeça cheia de interrogações, ouvi madrinha Guilhermina me chamar. Mas, fiquei calado e corri para perto dela, pois eu só respondia bem de cima da pessoa. Ela chamou-me outra vez:
Tornava-me mais rebelde a maneira pela qual madrinha Guilhermina me tratava. E mais decepcionado com a vida. Ela insistia e não se entendia mesmo comigo.
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