Alguns companheiros da comissão e os presidentes das entidades queriam procurar o governo para negociar. O certo, todavia, seria o governo nos procurar, pois ele era perdedor.
Procuramos, inicialmente, o deputado federal Henrique Eduardo Alves, primo do governador Garibaldi, que fez uma reunião conosco no auditório da Televisão Cabugi. O deputado, sensível à causa nos assegurou de que iria se empenhar junto ao governador, e até informou:
“Sei que a situação de vocês é difícil, pois diariamente recebo mais de 10 recados pela secretária eletrônica, os policiais dizendo: HENRIQUE, NÓS ESTAMOS PASSNANDO FOME!...”
Debalde, esperamos pela resposta do deputado. Procuramos, então, do doutor Fernando Freire, vice-governador, que nos recebeu educadamente em seu gabinete. E nenhum sucesso.
Na ocasião do encontro, o vice-governador entrou em contato telefônico com o coronel Câmara, Secretário Chefe do Gabinete Militar - o então major Câmara de 1992. Enquanto o vice-governador conversava com Câmara, escreveu algo num pedaço de papel. Findo o diálogo com o Chefe do Gabinete Militar, o doutor Fernando nos olhou, perguntando:
“Quem é o tenente Júlio?".
Respondi levantando a mão direita:
“Pronto, sou seu!!”
Ele não me disse nada. Mais uma vez matei a charada. Certamente, que surgiram algumas chuviscadas recomendações a meu respeito. Só Deus sabe!... Quando, na verdade, aquele coronel deveria ter se empenhado junto ao governador, a fim de receber a comissão que estava disposta a uma negociação, e evitar uma crise na Polícia Militar. Isto, contudo, não aconteceu, mesmo porque de traidor não se espera coisa boa. Nem por mera ilusão!
Não tivemos sucesso através do vice-governador, razão que nos levou, no dia 15 de julho de 1997, entregarmos um ofício ao Gabinete Civil, solicitando audiência com o governador Garibaldi. E para deixar registrado o fato, convocamos o Diário de Natal - jornal de grande circulação no estado.
No dia seguinte -16 -, além da notícia sobre o pedido de audiência, o jornal publicou em manchete:
“Eventual greve deixa o Exército de prontidão”.
Na mesma página, saiu em destaque:
“O GOVERNADOR VEM EMPURRANDO O PROBLEMA COM A BARRIGA, SÓ QUE A BARRIGA DOS POLICIAIS PODE NÃO MAIS AGUENTAR ESTA SITUAÇÃO”.
Como se vê, enquanto nós, incessantemente, lutávamos a fim de receber um direito conquistado na justiça, as autoridades faziam ameaças. Não obstante, existia uma óbvia razão: Bons salários... carros de luxo... guarda-costas...gente até para lhes abrir a porta do carro...Taí, o porquê das malvadas atitudes!! Dos 120, 121 e 123!! E existia gente com aposentadorias astronômicas, mas, renitentemente, lutava contra a causa dos policiais. Esta gente, porém, bem apojada nas tetas do governo, não queria perder aquela saborosíssima “boquinha”.
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